Boa noite,
O Homem sempre teve e continua a ter necessidade de contar a sua história, histórias dos outros… histórias.
Inicialmente começou por desenhar nas paredes de cavernas, desenhos esses que contavam uma história. Com o desenvolvimento da linguagem o Homem contava histórias oralmente, histórias essas que passavam de geração em geração e que muitas delas iam sendo alteradas (Como diz o ditado popular: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”).. Entretanto com o surgimento da escrita e da imprensa o registo das histórias passou a ser feito em papel e preservado de geração em geração sem sofrer alterações. E de facto durante muito tempo a leitura de livros era suficiente para a nossa imaginação voar para o mundo que estávamos a ler. De repente, aparece a rádio e as radionovelas que se tornaram um êxito prendendo os ouvintes ao aparelho da rádio para ouvirem a novela. Qual era o segredo? Tinha o narrador que contextualizava as cenas, descrevia o cenário, os locutores (muitos deles atores) que interpretavam as falas das suas personagens, a banda sonora. Aqui está um excerto de uma radionovela:
Felizmente, muitos de nós tem a memória dos nossos avós ou pais contarem ou lerem uma história. Conseguiam prender a nossa atenção com a forma como contavam: a entoação da voz que davam nos diferentes momentos da narrativa, às diferentes personagens; a linguagem não verbal a que recorriam para dar mais ênfase aos diferentes momentos da narrativa.
Uma boa memória que tenho dos meus tempos de estudante deve-se a uma excelente professora de história que tive no meu 7º ano. Para a maior parte de nós a disciplina de história não era das preferidas, mas àquelas aulas estávamos todos atentos, entusiasmados. Porquê? Porque ela não se limitava a dar os conteúdos seguindo o manual adotado. Não, ela contava-nos a História e punha-nos a contar também E, usava os mesmos truques que os nossos avós e pais usavam quando nos contavam/liam histórias.
Hoje temos uma cultura digital que é dominada com facilidade pelos jovens. Como podemos prender a sua atenção num espaço de aprendizagem sem recorremos a meios digitais? Temos de desenvolver competências ao nível da literacia digital e transmitir essas competências.
O Digital Storytelling é uma das ferramentas que dispomos para motivar, envolver e desenvolver outras competências que não apenas os conteúdos curriculares. Proporciona-nos a arte de contar histórias com texto, imagens, áudio e/ou vídeo, utilizando ferramentas tecnológicas como tablets, desktops, câmaras digitais e smartphones. Esta ferramenta pode proporcionar ao aluno/formando várias competências que podem ser essenciais para o seu sucesso profissional: a criatividade, o pensamento lógico, o trabalho em equipa, o escutar os outros, a escrita, a gestão de tempo, a construção de um texto narrativo de acordo com as suas características.
Esta narração deve ter de três a cinco minutos de duração, habitualmente contada na primeira pessoa, com a voz do próprio (dado que é uma perspetiva pessoal e assim levar o público a vivenciar a sua história) e acompanhada de imagens e/ou vídeos, com uma banda sonora para realçar a emotividade. Normalmente roda em torno de uma questão dramática essencial com o objetivo de despertar a curiosidade, deixar o público a pensar, o que prende a sua atenção até ao fim.
Os principais benefícios de usar storytelling são: inspirar pessoas no sentido de uma meta acordada; explicar quem somos, de onde viemos e em que acreditamos; estabelecer uma meta e uma visão de futuro; estimular a inovação e a criatividade; ensinar lições importantes; mostrar soluções de problemas e formar culturas e valores.
As narrativas digitais são constituídas por sete elementos:
- Ponto de vista – perspetiva do autor
- Questão dramática – uma questão que será respondida no final da história
- Conteúdo emocional – ter uma forte carga emocional, que ajuda a envolver o público, conseguindo que os mesmos, se revejam muitas vezes, nesses mesmos sentimentos e os transportem para situações vivenciadas
- Dom da voz – forma de personalizar a história para facilitar a compreensão de assuntos mais complexos
- Poder da banda sonora – música e som que sustentam o enredo
- Economia – a narrativa deve ser curta e restringir-se ao conteúdo necessário para transmitir a mensagem, para não sobrecarregar o público com demasiada informação
- Ritmo – o ritmo da narrativa deve adequar-se ao seu enredo
Aproveito para partilhar convosco um vídeo da comunidade internacional TEDx talks, cuja oradora, Emily Bailin faz uma apresentação sobre o poder da Digital Storytelling, com base na sua experiência. Espero que considerem interessante. Cliquem, por favor, no título para visualizar o vídeo.
Cumprimentos e bom trabalho
Paula Nogueira